terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Nem tanto ao mar nem tanto à terra

A propósito de há uns dias, irem lá para casa uns colegas do meu filho, e sem querer de maneira nenhuma insinuar que somos melhores pais que a maioria, eu realmente fico incomodada com a educação que alguns pais dão aos seus filhos.

Os meus pais sempre foram muito protectores, mas talvez também derivado à minha personalidade, nunca experimentei fumar, nunca experimentei drogas e também não sou menina que aprecie álcool. Nunca me senti inclinada para certas coisas, e embora nunca tivesse muita liberdade, foi-me dada alguma e serviu para poder sair a noite, ir ao cinema e afins.
Em contrapartida, no que toca a experimentar situações, os meus pais nunca me deixaram. Em pequena, nunca pisei na neve (podia constipar), nunca andei de bicicleta (podia cair), nunca nadei (podia afogar). Fui a esse nível, criada numa redoma de vidro, como se fosse frágil e me pudesse partir a qualquer momento.
Talvez por isso também hoje não quero isso para o meu filho, embora confesso que tenha sido uma coisa que foi trabalhada, o meu instinto sempre foi o não experimentar. Coube ao meu marido me abrir os olhos e a mente e fazer-me perceber que o menino tinha que cair, tinha que magoar e tinha que levantar.
Os pais que ainda agora fazem este tipo de cuidado excessivo não percebem que, à primeira oportunidade de libertação, os miúdos a vão agarrar com unhas e dentes.
Perto dos pais, hoje, são pequenos soldadinhos, em que obedecem cegamente, não discutem, não ri, não chora, não fala. Não dorme em casa de amigos, não pede comida, não pede sumo, não come gomas, nem chicletes, não brinca na lama e não corre à chuva.
Eu fui assim e vejo hoje o quanto isso me marcou. Não quero isso para o meu filho e os pais que assim o fazem arriscam-se a ter uns filhos rebeldes e revoltados de futuro.

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