Nao, não falo do Game of Thrones.
Devo ser das unicas pessoas á face da terra que não vê e nem tenho interesse em ver. Não me cativa nada e confesso que ando um pouco cansada de se falar nisso em todo o lado.
Depois da Dr. Foster na Netflix que já falei aqui, vejo agora a série The Act na HBO.
Uma assustadora história verídica que retrata a vida de Dee Dee e sua filha Gipsy.
Desde muito cedo que Gypsy percebeu que era doente.
Asma, epilepsia, problemas de aprendizagem, distrofia muscular e uma
leucemia na infância eram apenas alguns dos seus inúmeros problemas de
saúde, a par da necessidade de andar de cadeira de rodas e de se
alimentar através de um tubo. Tudo o que a jovem norte-americana queria
era ser normal. Infelizmente, o seu corpo débil parecia negar-lhe isso.
Só que o seu corpo não era débil.
Pelo contrário, Gypsy era tão saudável como qualquer outra criança.A sua mãe, Dee Dee sofria do síndrome de Münchhausen, uma doença
em que os indivíduos fingem, em si ou nos outros, doenças para chamar
atenção ou simpatia sobre eles. Gypsy não precisava de rapar o cabelo,
andar de cadeira de rodas ou ser alimentada por um tubo. No entanto, a
mãe fê-la acreditar que sim durante 19 anos da sua vida.
Dee Dee mentiu a toda a gente. E a história não ficou apenas entre a
família ou vizinhos: devido ao facto de ser mãe solteira, o drama de
Gypsy sensibilizou muitas pessoas. Organizações como Make-A-Wish e
Ronald McDonald House faziam regularmente doações a Dee Dee ou organizam
viagens gratuitas.
A própria casa onde mãe e filha
viviam, com uma rampa adaptada à cadeira de rodas de Gypsy, foi
construída pela Habitat for Humanity, depois do furacão Katrina lhes levar tudo o que tinham.
“Ela
disse-me que eu tinha cancro e rapava-me o cabelo dizendo: ‘Ele vai
cair de qualquer forma, portanto vamos mantê-lo bonito e aparado’. Ela
disse-me que eu não conseguia comer e precisava de um tubo de
alimentação”, contou Gypsy num programa especial do “ID Documentary”.
Até os médicos foram enganados.
Na mesma entrevista, Gypsy contou:
“Tiraram-me as glândulas salivares porque a minha mãe dizia que eu me
babava. Tinha um tubo de alimentação na minha barriga, fiz várias
operações aos olhos, tanto ao direito como ao esquerdo. Operações às
orelhas, biópsias aos músculos para perceber porque é que as minhas
pernas não funcionavam, uma operação para deixar de vomitar. Eu acreditei que tinha essas doenças todas, exceto que sabia que podia andar e comer.”
Aos 19 anos, Gipsy percebeu que nada daquilo fazia sentido. Ela conseguia
andar. Ela conseguia comer. O açúcar não a matava. Infelizmente,
descobrir a verdade não foi suficiente para se libertar. Continuava
emocionalmente dependente da mãe — por mais que odiasse aquilo que ela
lhe fazia, Gypsy sabia que contar a verdade iria destruí-la.
Dee
Dee também não lhe facilitava a vida. Em entrevista ao 20/20 no ano
passado, Gypsy contou que tentou fugir uma vez, mas acabou acorrentada à
cama. Dee Dee vigiava todos os seus passos, e até dormia com ela. A
jovem acabou por conseguir encontrar alguma liberdade na internet —
assim que a mãe adormecia, a jovem entrava no universo online.
Foi assim
que conheceu Nick Godejohn.
Sem saber como lidar mais com a mãe, a jovem
revelou àquele desconhecido tudo o que se passava. Depois de três anos a
namorarem online, Nick aceitou a sugestão de Gypsy para matar Dee Dee.
Em junho de 2015, quando Gypsy tinha 23 anos, Nick esfaqueou a mulher
nas costas. O casal fugiu de seguida para o Wisconsin, onde ele vivia.
Dee
Dee foi encontrada morta alguns dias depois, quando uma série de
mensagens estranhas começaram a aparecer no perfil de Facebook falso de
Gypsy.
No início, a polícia achava que Gypsy tinha sido raptada. O choque
foi tremendo quando a descobriram com Nick — e completamente saudável.
“As
pessoas continuam a perguntar à Gypsy: ‘Porque é que tu não te
revoltaste? Porque é que não disseste nada? Não é assim tão simples.
Quando ela fala da razão por que matou a mãe, ela diz que não queria que
a mãe fosse presa porque sabia que ela ia odiar.
Gypsy e Nick foram presos e acusados do homicídio de Dee Dee.
Gypsy
foi condenada a dez anos de prisão no Chillicothe Correctional Center,
Missouri, depois de se considerar culpada.
Já Nick, 29
anos, foi condenado a prisão perpétua.
Os advogados ainda alegaram que o
homem sofria de autismo e foi movido pelo amor e vontade de salvar
Gypsy, mas a sentença foi definitiva.
Gipsy ainda hoje esta presa, sairá em liberdade condicional em 2023.
Uma serie mesmo a não perder, com Patricia Arquette no principal papel.
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