Gosto de metáforas que envolvam o sol e a lua. Não por misticismo, mas 
por serem coisas tão reais e tão superiores à nossa existência, que nos 
tornam, de certa forma, pequenos. Se há coisa certa na vida é que o sol 
vai nascer e que a lua vai 
continua a rodar à nossa volta, com aquela luz sempre impressionante. Podemos não ver o sol todos os dias, pode estar chuva, céu 
nublado, nevoeiro, uma tempestade, mas que ele está lá, está e a única 
forma de o vermos sempre, é estar numa posição acima da linha das 
nuvens, como numa montanha alta.
Na vida, acontece o mesmo. Existem pessoas que são sol, que nos 
aquecem, que nos alegram os dias, que sabemos que estão lá sempre, mesmo
 quando não as vemos, mas raras - únicas mesmo - são as pessoas que 
conseguimos ver sempre a brilhar para nós. Só acontece naqueles casos 
extremos em que a intimidade e amor  é tanto que se vive num patamar superior, 
pouco entendível, pouco explicável, em que nos sentimos no topo de uma 
montanha. Aquela pessoa a quem nos abraçamos e nos sentimos levitar. Aquela em 
que a conversa nunca tem fim, nunca acaba, como a linha do horizonte. Aquela pessoa em que o silêncio é apenas porque se olha o outro,  e 
isso não tem som.
O difícil não é chegar ao topo da montanha - 
em qualquer paixão repentina, num pulinho sobe-se 'ao céu'. O difícil 
mesmo é conseguir ficar lá em cima, dia após dia  porque as noites são 
mais frias, mas por isso conservam mais. Porque tudo é mais silencioso 
quando o outro não está, mas por isso permite conhecermo-nos melhor. Porque no topo da montanha a solidão é mais dura, mas também por isso se
 dá mais valor à companhia. Quando se está cá em cima é preciso coragem e
 persistência para passar as noites, mas quando se sabe que o sol nasce 
todos os dias, tem-se o sossego e a alegria tonta de simplesmente 
esperar que a terra - e o destino - rodem o suficiente para nos alinhar 
de novo com o que é nosso. 
Texto adaptado

Sem comentários:
Enviar um comentário
E na minha opinião...