quarta-feira, 12 de julho de 2017

Da minha infância

Quando penso na minha infancia, penso logo nos meus avós. Era para lá que ia nas férias e o carinho de avós, no geral, é algo que me comove.
Lembro-me da cozinha da minha avó. Do seu fogão a lenha com o cestinho do cão por baixo. Lembro-me daquela casinha pequenina, com corredores minúsculos e dois pequenos quartos. As rolas a cantar cá fora e o quintal onde tanto brinquei. Lembro-me da hora das refeições em casa dos meus avós.
Éramos poucos, só eu e a minha prima, os meus avós e o cão.
Aquela comida que a minha avó fazia (igual á que comemos hoje) mas que para mim tinha um sabor diferente. O meu avô a dar maçã ao cão cortada em pequenos bocado à navalha e o seu chapéu tão característico pendurado à porta, são coisas que nunca esquecerei. O segredo, era o tempo. A paciência de uma vida já tão vivida. Havia tempo para tudo. O meu avô era mais meigo que a minha avó...... era o típico avô que fazia tudo por nós. Pessoa extremamente bondosa para com toda a gente, sacristão na igreja, amigo de ricos e pobres.
Os meus avós não sabiam ler, nem escrever. Não sabiam as datas dos seus nascimentos, achavam que tinham aquela idade assim "mais ou menos". 
O meu avô era avô a sério, dava tudo, mimava, ouvia, aconselhava, estendia a mão, cozinhava, brincava e estava sempre lá para nós. 
Tenho pena que tantos avós hoje em dia não são assim. Têm as suas vidas têm as suas rotinas. Não amam menos os netos, mas não há aquela dedicação.
Tenho com eles muitas memórias, memórias de sabores, sons e cheiros. Adorava voltar aquela casa... ver aquele fogão, ouvir as rolas mais uma vez, sentir o sabor da carne assada e das filhoses. Relembrar com eles as idas à missa, à leitaria e vir a pé para casa pelo trilho do comboio.

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