Sabem aquelas séries ou filmes que nos marcam? Que se prendem no nosso subconsciente e nos deixa sem saber bem o que pensar ou dizer? 
When they see us - Aos Olhos da Justiça - na Netflix, é um desses casos. É uma mini série baseada em factos reais de apenas 4 episódios.
A história: Uma mulher brutalmente atacada e violada, cinco jovens no lugar e na hora
 errados e uma investigação policial duvidosa. O crime real que chocou os 
Estados Unidos em 1989 e que nesta serie revela não só a vulnerabilidade da justiça 
como o racismo na cidade de Nova Iorque e explora o que realmente 
aconteceu aos adolescentes (quatro afro-americanos e um latino) do 
bairro do Harlem, no caso conhecido como “The Central Park Five”.
A19 de abril de 1989, época em que a cidade estava imersa numa 
epidemia de drogas e assombrada por gangues, uma mulher loira de 28 anos 
foi encontrada inconsciente entre os arbustos do Central Park. Perdera 
75 por cento do sangue do corpo, tinha duas fracturas cranianas, hipotermia e restos de sémen nas partes íntimas.
Desfigurada, Trisha Meili só foi reconhecida por um anel que usava. A corredora do Central Park, como ficou conhecida, trabalhava no 
mercado financeiro e, quando recuperou a consciência, não se lembrava de
 nada.
Nessa mesma noite, véspera de um feriado escolar, vários outros 
crimes foram cometidos no parque, incluindo assédios e agressões contra 
ciclistas e corredores. Por causa de actos de vandalismo, muitos 
adolescentes foram detidos.
Cinco deles, com idades entre 14 e 16 anos, estavam prestes a ser 
libertados quando a polícia descobriu o corpo de Meili. Um detective 
mandou retê-los e os adolescentes tornaram-se os principais suspeitos.
Kevin Richardson, Yusef Salaam, Raymond Santana, Antron McCray e 
Korey Wise foram interrogados separadamente durante quase 30 horas, sem 
direito a comer, beber ou dormir. Como nunca tinham passado por uma 
situação semelhante nem tinham cadastro policial, não sabiam que podiam 
exigir a presença de um advogado. Os adultos disseram-lhes que, se colaborassem, poderiam ir para casa. Exaustos e coagidos, os jovens confessaram o crime e quatro deles admitiram em vídeo que estavam presentes durante a violação. Apesar de se incriminarem um ao outro, nenhum deles soube descrever a vítima nem o local do ataque.
Recentemente, numa entrevista ao canal de televisão “CBS New York“,
 Yusef Salaam disse que ouviu a polícia espancar Korey Wise na sala ao 
lado do local onde ele aguardava para ser interrogado. A mãe de Salaam 
interrompeu o testemunho antes que o filho assinasse a confissão, mas 
ainda assim um detective foi autorizado a testemunhar que o adolescente 
admitiu a sua participação no crime.
Os cinco foram considerados culpados mesmo sem haver nenhuma prova de
 ADN que os colocasse na cena do crime. As análises mostraram que o 
cabelo e o sémen encontrados no corpo da vítima não pertencia a nenhum 
deles. Ainda sim, a justiça considerou que havia um sexto suspeito 
envolvido no caso e decidiu mantê-los presos.
Em 1990, os jovens foram divididos em dois julgamentos. Salaam, 
McCray e Santana foram acusados de violação e agressão; Richardson de 
tentativa de assassinato, violação e roubo; e Wise foi condenado por 
agressão, abuso sexual e desordem. Enquanto quatro deles ficaram 
encarcerados durante sete anos, Wise, que na altura tinha 16 anos, 
recebeu uma pena de adulto.
O caso gerou um imenso alvoroço na comunicação social, que descrevia 
os jovens com termos como “matilha de lobos”. O hoje Presidente, na altura empresário Donald Trump gastou cerca de 75 mil euros para publicar um anúncio de página inteira nos quatro principais jornais de Nova Iorque em que exigia a reposição da pena de morte. 
13 anos após o ocorrido, em 2002, Matias Reyes — um homem condenado 
noutro caso, por homicídio e violação — encontrou Wise na prisão e 
admitiu que foi ele quem atacou Trisha Meili, sozinho. A prova de ADN 
ligou Reyes ao crime e o caso foi finalmente reaberto. Só então Korey 
Wise, o único que ainda estava preso, foi libertado.
Em 2014, a cidade de Nova Iorque foi obrigada a pagar uma 
indemnização de 36 milhões de euros aos inocentes e o caso foi 
arquivado.
É chocante ver o que estes jovens inocentes passaram nos reformatórios, e o que o mais velho de 16 anos passou na cadeia de adultos com o rotulo de violador.


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