Os avós devem ser, ou pelo menos deveriam ser, as pessoas mais carinhosas e fofinhas á face da terra.
Aqueles que tudo fazem pelo netinho, que mimam, que fazem as comidas preferidas e que estragam.
Os meus eram assim. Principalmente o meu avô. De um coração gigantesco era um Homem maravilhoso. Sacristão da igreja, sempre com o seu chapéu na cabeça, apaixonado desde sempre pela sua mulher, filhos, netos e animais. Amargurado pela perda de uma filha muito jovem, dava de comer a todos, toda a gente sabia que se precisasse, tinha um prato naquela mesa. Muitos foram os Natais em que trazia pobres para cear la em casa.
O nosso cão, era um privilegiado, dormia num cesto por baixo do fogão de lenha e comia de tudo. Lembro-me bem do meu avô descascar uma maçã, partir aos gomos e dar ao bicho.
Nas minhas férias de criança lá ia para a casa deles. Era um sonho, íamos à missa, que era cantada, linda, onde eu ajudava a preparar a missa e sabia todas as musicas de cor...íamos à Leitaria da Praça onde tomávamos um leitinho com um pão com manteiga e vínhamos a pé, pelos carris da linha férrea.
Á tarde brincava com o cão, com as minhas bonecas, com a prima que ás vezes para lá ia também... Os lanches eram especiais, a minha avó fritava uns bifinhos que os metia no meio do pão e apesar da sua simplicidade tinham um sabor único.
Dar de comer ás rolas, ir ao poço buscar água, era maravilhoso.
Quando o meu avô morreu, foi o maior golpe para mim, ainda menina, percebi o que era a morte, a falta e a saudade.
Hoje não tenho mais avós, mas fica o carinho, os cheiros e os abraços apertados de quando ele me chamava de "minha menina".
Sem comentários:
Enviar um comentário
E na minha opinião...