O cancro não escolhe idades. Rouba vidas e sonhos a adultos e crianças. Mete muito medo. Sobretudo a quem tem de lidar com ele, a quem tem de travar essa luta. E também, de uma forma diferente, a todos os que rodeiam a pessoa que luta pela vida, muitas vezes tambem eles numa batalha.
Normalmente temos pena e compaixão pelas pessoas, porque ninguém deve ser obrigado a entrar numa luta destas.
Sei bem o que é viver com medo de perder alguém que amo por causa desta doença. E hoje penso nisto porque faz este mês 12 anos que o vivi.
Lembro-me bem do telefonema dela a dizer que tinha cancro e que tinha que ser operada. Lembro-me de estar sentada no hospital à espera que a minha mãe saísse do consultório com a operação marcada.
Eu estava gravida e vivi toda a gravidez com muito medo de perder a minha mãe. Medo que me roubava noites de sono. Que me impedia que fosse possível concentrar-me no que quer que fosse, que fazia com que temesse cada chamada telefónica por não saber o que poderia ouvir. Medo das horas, que pareceram dias, que durou a operação e medo do que a médica iria dizer. Medo que as sessões de quimioterapia a deixassem de rastos.
Sei bem que o medo que senti, e que sentem todos aqueles que rodeiam um doente, é ainda mais forte na própria pessoa, pois certamente têm medo de morrer. Certamente receiam deixar tanta coisa por fazer e tantos sonhos por realizar. Certamente temem não ter forças para combater a doença ou não ter armas iguais para lutar contra ela.
E de uma coisa estou certa, o pior que se pode fazer a um doente oncológico é ter pena dele. As pessoas precisam ser animadas. Precisam de mensagens e energia positiva. Precisam de que todos tentem fazer com que se esqueça da doença. Acredito que uma parte da cura passa por aí, passa pelo apoio, pela força e pelo acreditar!
Um beijinho a todos os que lutam contra uma doença neste momento. Penso muitas vezes em vocês.